Redescobrimos isolado num recanto na porta do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, um homem que desenha. Desenha incessantemente. Moacir tem 42 anos e desde os 7 anos contra todas as dificuldades impostas pela vida, se expressa através de suas imagens. De seu “mistério interior”, como define seu pai, surgem “visões” carregadas de sensualidade e erotismo, que impressionam pela extraordinária e exótica beleza. A arte de Moacir mescla homens e mulheres, cobras/lãs que mudam de forma e trocam de cor, figuras satânicas e místicas de santos, beatos e capetas, cabeças de bichos, olhos, genitálias como peixes… símbolos de um mundo particular e indivisível.
Com pinturas grandes que se espalham pelo lado de fora, sua casa é uma espécie de outdoor; que de longe são um chamariz para os turistas que por ali passam e compram seus trabalhos. E é com a venda desses desenhos que ajuda a sustentar a família que vive do cultivo de uma lavoura de subsistência.
Moacir – Arte Bruta é o segundo documentário assinado por Walter Carvalho.
O filme é dedicado a Leon Hirszman, que, em 1987, fez Imagens do Inconsciente, com três artistas do Museu das Imagens do Inconsciente.
Arte bruta é a manifestação do inconsciente, é quando se faz arte sem conhecê-la, sem a noção de sua história ou de suas referências. Arte bruta refere-se ao que a mente é capaz de produzir sem a interferência do mundo exterior. É um conceito estranho.
Arte bruta é o que Moacir faz.
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